quarta-feira, 28 de setembro de 2011

vinte e um, 21, XXI

Houve uma das “Cidades Invisíveis” (Italo Calvino) que me ficou especialmente na retina. Posso não me lembrar com a melhor acuidade, mas do que me lembro era uma cidade que estava “rachada” a meio apresentando duas faces completamente distintas: uma com prédios de betão e pessoas comuns e a outra com tendas de circo e os seus respectivos artistas e roulottes e jaulas de animais e restante parafernália. Sazonalmente a cidade mudava e uma das partes seguia viagem. Se fosse outro qualquer seria obviamente a metade do circo a levantar tenda e partir, no entanto o Sr. Calvino descreve um levantamento de todas as paredes e muros de cimento e tijolo e a sua partida, restando o referido circo!
E agora? O que é que fazemos com isto na mão? Fica o circo e parte a cidade?
A língua portuguesa tem uma particularidade (da qual me orgulho) que permite melhor análise a este tipo de questões. A diferença entre os verbos ser e estar. O italiano, só tem o verbo essere o que significa que nem o autor pôde ver as coisas desta forma tão clara.
A cidade de betão estava, a cidade do circo era.
Passa-se o mesmo por estas terras de Bracara Augusta. As coisas que estão podem-se mudar de sítio, as coisas que são vão ser os motores da mudança (por coisas entendam-se pessoas, grupos, marcas históricas). Posso regressar, mais uma vez, ao paralelismo da Braga Branca e da Braga Negra, mas nem tudo (ou nada mesmo) é bidimensional. Para além de que dentro de cada coloração existem circos e edifícios, podemos assumir outros paradigmas de percepção e tentar perceber o problema existente na inexistente simbiose entre a cidade centro, marca e história e a instituição superior de ensino, máquina de fazer bonecos, que apesar do desvio de meio grau, foi por cá plantada.
Existe uma redoma que fecha a freguesia universitária que nem a geira milenar consegue aproximar. Problema identificado: o ilustre instituto educativo das terras do Minho está em Braga, não é em Braga!
Soluções?