terça-feira, 9 de novembro de 2010

vaga brecha esse fuso

Existem vários elementos pretos no meu tabuleiro de xadrez. Os quadrados e as peças: O Sr. Lei, a Sra. Lainha, os Chavalos, os Bichos, as Touras e os Pinhões. Os elementos brancos são inexistentes.
Eu proponho várias vezes aos meus comparsas a criação de mais três ou quatro tipos de peças baseadas na entropia apresentada pelo movimento perene da folha da coca.
Eles preferem mascar apenas como camelos debaixo da sombra. E trazem-me por vezes, de forma bem apresentada, mulheres bonitas de seios fartos, mas rijos, com a tez brilhante da juventude, ventres lisos e sexos apetitosos.
Eu ganho-lhes sempre ao xadrez e depois vou mergulhar no mar e conversar com as gaivotas enquanto partilho com elas o salgado das ondas.
Os meus pais sempre me disseram para ter cuidado, mas eu nunca consegui deixar de ejacular perante a visão deslumbrante de um belo prato de lasanha.
Os meus chinelos, por causa disso, estão sempre cheios de areia. Guardo-os sempre cá fora quando vou pensar no xadrez.
Sob uma almofada ficam também as minhas esperanças de corroborar a existência de um cheiro que me agrade. O senhor Lei e a senhora Lainha habitam assim muito tempo dentro das minhas narinas. Evitam o cheiro de entrar.
Quando lambo as costas de uma mulher fico olfactivamente ausente pela felicidade que isso me traz. O sabor a deus é extasiante. Faz-me ganhar ao xadrez.
Procuro-me sempre nos quadrados marotos dos cocos, mas só estou aqui a morder os dedos por detrás das unhas. Pelo menos ainda sei o que me espera, e embora isso não tenha directamente a ver com marmelos rosados e carnudos, isso agrada-me sobremaneira.
Vou pintar todos os elementos do meu xadrez de preto e acabou-se.
Pranto final.

manifesto do proTeLariado


A chatice é uma pena que destila as ideias com o deslizar da tinta


Já tive mais paciência.
Agora; Hoje não. Ponto final no adiar da paciência e chafurdar no tédio do amanhã.
Façamos coisas é hoje! Porque apenas esse todo, isso é que interessa verdadeiramente.
Somo úteis e temos força e é AGORA que este combustível motriz tem que ser utilizado.
Já tive mais paciência para o discurso do “mas ai que é preciso isto e aquilo” e do “ai que eu não sei”, e do “ai que medo”, e do “agora não posso porque tenho coisas a fazer e assuntos a tratar”. Precisos somos nós! O que sabemos chega sempre para aprendermos! O medo é um menino muito mais frágil que nós! Os assuntos a tratar são só coisas de fazer entediar!
Larguemos a almofada do tédio… e hoje não é amanhã como de costume!
Já tive mais paciência para o discurso do infortúnio do destino que nos ata a as mão atrás da cabeça impedindo-nos de usar ambas: o ai que está mal; ai que me dói a cabeça; ai que seca; ai não sei; ai que se fosse assim…
Cortem-se as amarras. Que seja feita a nossa vontade transformando o mal em motivos de orgulho. Que venham os analgésicos! As pílulas da decisão!
Pois então, assim seja!
Assinemos os assins na história, não os sopremos como o fumo etéreo e efémero do tabaco.
E porque não? Porque sim. Porque podemos e isso basta. E se podemos tem que ser hoje, agora, já e aqui.

NÃO HÁ NADA MAIS IMPORTANTE PARA FAZERMOS DO QUE O QUE TEMOS PARA FAZER AGORA! ISTO MESMO

Já tive mais paciência para a revolução sonhada – des rêves, toujours des rêves - mas os sonhos são só uma treta por si só, oh sonhadores!
As realidades que fazemos deles é que interessam na luta contra o amorfo, o procrastinador, o letárgico, o comatoso que existem confortavelmente instalado dentro de nós.
Já tive mais paciência para morrer aos pequenos pedaços na lama lodosa do ai que aborrecimento hoje, amanhã resolve-se.

HOJE. AQUI. PARO COM A PACIÊNCIA TODA.

Abaixo agora o protelar.
Abaixo hoje com o protelar tudo o que queremos ser depois.
Sejamos hoje e aqui.

A revolução vai começar? Isso era antigamente!
A revolução começa agora…

A REVOLUÇÃO JÁ COMEÇOU!

Protelariados do mundo uni-vos!
Protelariados do mundo extingui-vos!
Protelariados do mundo ESCREVAM AS VOSSAS MEMÓRIAS HOJE!

Sangue de tédio sabe-me a ouro. Esta hora. Todos os dias em que o degolo à mesa, sob a nespereira do meu jardim