sábado, 19 de outubro de 2013

OHQLCURNC 41.

O Homem ia a caminhar no mundo e levou com um raio na cabeça. Caiu como um peso morto no chão. O desenho darwiniano sofreu um acrescento castiço que daria belas t-shirts. No entanto não sobrou ninguém para as usar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OHQLCURNC 40.

O homem ia a caminhar rapidamente pela rua acima e levou com um raio na cabeça. Caiu como um peso morto no chão. Levantou-se zangado e fumegar. No entanto note-se que o senhor não se encontrava a fumegar por ter levado com um raio, mas sim por estar profundamente zangado com tudo no mundo. Uma zanga tão profunda que o levava a destilar ódio por todos os poros. Parecia filho de uma panela de pressão. Ainda deu um chuto numa pedra, mas em vez de acalmar ficou a sentir-se pior e mais odioso. Começou a ganhar uma cor escarlate e, fumegando cada vez mais, acabou por explodir. O pasmo das pessoas na rua foi geral, principalmente das que levaram com pedaços do homem em cima. Eles, os que coiso, disseram que foram os terroristas de não sei onde por causa do medo e do ódio religiopoliticosocialculturaloqualquercoiso. Marotos mentirosos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

OHQLCURNC 39.

O homem ia a caminhar rapidamente pela rua acima e levou com um raio na cabeça. Caiu como um peso morto no chão. Levantou-se cheio de si, profundamente iluminado acerca de todas as ideias. Sorriu com soberba perante os transeuntes. No fundo sentia-se o maior. Partilhava as suas ideias e lançava as suas farpas pelos meios que possuía. Havia sempre alguma reposta que lhe reforçava o comportamento, no entanto a proporção do reforço era desproporcionada à reposta que dava. Coisas do umbigo. No final não havia ninguém que o seguisse. Ecoava no vazio. Mas nunca deixou de se sentir como o homem que levou com um raio na cabeça, continuando a bradar.


domingo, 13 de outubro de 2013

OHQLCURNC 38.

Havia no céu um prenúncio de tempestade. O sol estava oculto atrás das nuvens zangadas que discutiam entre si. Secundina, a nuvem mais balofa e irascível de todas zurzia com argumentos mirabolantes e impropérios faustosos a sua colega Castorina. De tanta barafunda a segunda, não de nome, mas de ordem de evocação no texto, saiu derrotada e com uma raiva crescente dentro dela. Quando estava a flutuar em direcção a casa sozinha fartou-se e olhando para baixo escolheu um homem que ia a subir a rua muito rapidamente. Zás! Acertou-lhe com um raio na cabeça. Ficou um pouco mais aliviada, mas quanto a Secundina, esta ainda iria ouvir muitas e boas da boca dela.