sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Como sempre


Tinha um bocado de vento nos meus olhos. Tentei soprá-lo mas só consegui piorar a situação. Grave portanto. Com isto encaminhei-me às apalpadelas à procura da saída. Fui contra um vidro lambido e senti-me mais patético do que o costume. Depois de alguns desvios intuitivos que me restauraram a confiança caí, caí como se num abismo me afundasse, durante horas de aflição e desassossego. Coração na boca, pulmões vazios, cabeça a andar à roda. Toda esta inquietude secou-me até às lágrimas, conseguindo assim limpar o vento nos meus olhos. Vi novamente, constatei onde estava. Levantei-me estóico, peito feito e orgulho redobrado pela sobrevivência, e saí com os olhos no fogo, lá fora, à minha frente. À minha espera.