segunda-feira, 3 de setembro de 2012

she didn't grow up



Às onze horas da manhã, estávamos deitados na praia de nariz para o ar.
Soube bem a areia a entrar-nos na boca, nas orelhas, no nariz, nos olhos…
Estávamos múmias desenterradas à tona do céu. O Sol sabia a Sol e ela ali sabia-o bem.
Não valia a pena continuar a esperar por melhor. Os pés no rio ganharam lodo e pareceu que de pé se estava pior – caiu.
Soube erguer-se mas não soube crescer e eu nela não cresci demais perdido em labirínticos fios de ouro e baba. Gostávamos de subir as escadas e ver o mundo à volta escasso espaço, útil inutilmente, horizonte vertical, obliquidade deferida.
O protesto saiu à rua num dia meu de espreguiçar e foram-me quebrados os caules pela causa.
Estou, agora, deitado na calçada a pensar no caminho que temos a percorrer longe um do outro e separados por uma falha negra.
O vento não se entranha, mas passa a ideia de que é difícil não lhe chegar.
Agora não há areia… Só pó a mudar a veias de toda ela.