terça-feira, 9 de novembro de 2010

vaga brecha esse fuso

Existem vários elementos pretos no meu tabuleiro de xadrez. Os quadrados e as peças: O Sr. Lei, a Sra. Lainha, os Chavalos, os Bichos, as Touras e os Pinhões. Os elementos brancos são inexistentes.
Eu proponho várias vezes aos meus comparsas a criação de mais três ou quatro tipos de peças baseadas na entropia apresentada pelo movimento perene da folha da coca.
Eles preferem mascar apenas como camelos debaixo da sombra. E trazem-me por vezes, de forma bem apresentada, mulheres bonitas de seios fartos, mas rijos, com a tez brilhante da juventude, ventres lisos e sexos apetitosos.
Eu ganho-lhes sempre ao xadrez e depois vou mergulhar no mar e conversar com as gaivotas enquanto partilho com elas o salgado das ondas.
Os meus pais sempre me disseram para ter cuidado, mas eu nunca consegui deixar de ejacular perante a visão deslumbrante de um belo prato de lasanha.
Os meus chinelos, por causa disso, estão sempre cheios de areia. Guardo-os sempre cá fora quando vou pensar no xadrez.
Sob uma almofada ficam também as minhas esperanças de corroborar a existência de um cheiro que me agrade. O senhor Lei e a senhora Lainha habitam assim muito tempo dentro das minhas narinas. Evitam o cheiro de entrar.
Quando lambo as costas de uma mulher fico olfactivamente ausente pela felicidade que isso me traz. O sabor a deus é extasiante. Faz-me ganhar ao xadrez.
Procuro-me sempre nos quadrados marotos dos cocos, mas só estou aqui a morder os dedos por detrás das unhas. Pelo menos ainda sei o que me espera, e embora isso não tenha directamente a ver com marmelos rosados e carnudos, isso agrada-me sobremaneira.
Vou pintar todos os elementos do meu xadrez de preto e acabou-se.
Pranto final.

Nenhum comentário: