sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

dezasseis, 16, diz às seis

Vivemos num processo de culpa quase constante. Herança pesada da tradição.
Temo-la externa, acusatória e arranhada nas íris. Dedo apontado à cara. Confunde-nos, aborrece-nos, reformula-nos e oferece-nos um resultado palpável nas entrelinhas. Insatisfeitos satisfazemo-nos com isso e oferecemo-la de regresso aos outros - e de bom grado:
- Anda amigo; vem crescer no mundo dos grandes. Vamos todos ao Gólgota expiar os nossos pecados. Não digas que não… senão.
Ou então, coitadinhos, viramo-nos para o lado e pedimos retrocesso, sublinhados, dados estatísticos que comprovem a fórmula original:
- Anda amigo, diz-me que estou certo; que é verdade; que é sempre assim.
Depois existe a culpa interna. Irregulada pelos de fora e incontrolável por nós. Aquela menina que remói dentro do peito, o cadáver escondido nas sombras do movimento dos cabelos, o pisa-papéis coronário. Traço genético que nos faz semi-viver imbuídos no seu aroma de formol.

Um comentário:

Anônimo disse...

fantástico!!! xD