Tinha um bocado de
vento nos meus olhos. Tentei soprá-lo mas só consegui piorar a situação. Grave
portanto. Com isto encaminhei-me às apalpadelas à procura da saída. Fui contra
um vidro lambido e senti-me mais patético do que o costume. Depois de alguns
desvios intuitivos que me restauraram a confiança caí, caí como se num abismo
me afundasse, durante horas de aflição e desassossego. Coração na boca, pulmões
vazios, cabeça a andar à roda. Toda esta inquietude secou-me até às lágrimas,
conseguindo assim limpar o vento nos meus olhos. Vi novamente, constatei onde
estava. Levantei-me estóico, peito feito e orgulho redobrado pela
sobrevivência, e saí com os olhos no fogo, lá fora, à minha frente. À minha
espera.
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