segunda-feira, 20 de outubro de 2008

oito

As pessoas são geralmente constituídas por três mil trezentas e cinquenta linhas oblíquas encruzilhadas numa rede caótica, tipo cidade medieval, ortogonal, árabe, rádioconcêntrica, romana, castreja… Não é possível conhecer absolutamente todas as linhas, assim como todas as ruas, até porque o número três mil trezentos e cinquenta é apenas mais um número infinito.
Eu sou um rapaz simples, com o meu chapéu de palha, e penso que, não me conhecendo as ruas oblíquas, os outros me distinguem as linhas gerais.
Por sua vez, os outros avizinham-se mais complexos, dado que, como nos meus sonhos, encontro sempre bairros novos, novas maneiras de chegar aos mesmos sítios e velhas maneiras de chegar a sítios diferentes.
Na sua simplicidade de chapéu de palha, Braga perde-me nos sonhos, e acordado encontro sempre as linhas gerais. Mas de vez em quando abrem novas ruas…
Somos todos cidades encriptadas, alguns cidades mentirosas, outros cidades feitas de nuvem, alucinadas, perdidas dentro de bairros micro-cósmicos e cheios de três mil trezentas e cinquenta cidades- linha obliquamente encruzilhadas.
Se olharmos para cima vemos sempre o mesmo.

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