sexta-feira, 3 de abril de 2009

treze, treuze, 13

Desde (o meu) sempre que as pessoas se queixam da repetição. No entanto repetem-se lenitivamente.
A rotina que nos circunda causa um inevitável tédio reconfortante ao qual nos agarramos apenas quando o abandonamos. Mas tirando o abandono, não se fazem esforços para modificá-lo por dentro. Para transformar os motivos de queixa eclipsando-os em nuvens de satisfação. Talvez porque se tal acontecer depois não haja tédio onde regressar, e isso é algo terrificante.
Por isso, paramos quase todos os dias no mesmo sítio para conjecturar as várias maneiras de fugir de Braga. Paramos em Braga sempre a conjecturar outro sítio onde possamos parar.
Fugimos e deixamos cá ficar a rotina para podermos voltar, como boomerangs lançados por vontades alheias.
Transformar Braga em algo desrotinizante seria, desta forma, negar a própria cidade. Sem ter que parar no mesmo sítio, sem sentir a repetição lenta de frames da cidade debaixo das pálpebras, estaríamos obviamente noutro sítio que não a nossa casabraga. Desaparecia-nos.
Eu queria mudar a cidade por dentro mesmo correndo o risco de ficar sem pára-quedas.
(vamos todos fazendo o esforço, mas uma almofada, apesar de entediante, é sempre uma almofada)

Um comentário:

www disse...

Parabéns Bruno!!! Desculpa-me fazer este comentário tão tonto no teu blogue tão bem escrito! Um beijinho de (mais) uma fugitiva de Braga em geral, e de Portugal em particular! Sara Claro