sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Como sempre
sábado, 19 de novembro de 2011
nulo
Os acontecimentos desta vez foram completamente ímpares sendo que não há memória na história de algo desta magnitude. Apenas há mais de um século os números se aproximaram dos de hoje. Várias testemunhas relatam o quão impressionante foi. Houve mesmo uma delas que pormenorizou as graves consequências directamente relacionadas com a situação descrita. Infelizmente não foi a única e apesar de ainda não estarem completamente contabilizados os estragos, facilmente afirmamos que nunca nada foi visto como hoje. O tempo para recuperar todos estes prejuízos será muito longo e necessitará de todas as ajudas possíveis. Especialistas de várias áreas já se dirigiram para o local tendo-se distribuídos por várias zonas ajudando e recolhendo informações para perceber melhor a raiz da situação e definindo caminhos para tentar colmatar as falhas por esta levantada.
Repetimos, nunca nada foi visto assim.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
alínea b)
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
vinte e um, 21, XXI
Houve uma das “Cidades Invisíveis” (Italo Calvino) que me ficou especialmente na retina. Posso não me lembrar com a melhor acuidade, mas do que me lembro era uma cidade que estava “rachada” a meio apresentando duas faces completamente distintas: uma com prédios de betão e pessoas comuns e a outra com tendas de circo e os seus respectivos artistas e roulottes e jaulas de animais e restante parafernália. Sazonalmente a cidade mudava e uma das partes seguia viagem. Se fosse outro qualquer seria obviamente a metade do circo a levantar tenda e partir, no entanto o Sr. Calvino descreve um levantamento de todas as paredes e muros de cimento e tijolo e a sua partida, restando o referido circo!
E agora? O que é que fazemos com isto na mão? Fica o circo e parte a cidade?
A língua portuguesa tem uma particularidade (da qual me orgulho) que permite melhor análise a este tipo de questões. A diferença entre os verbos ser e estar. O italiano, só tem o verbo essere o que significa que nem o autor pôde ver as coisas desta forma tão clara.
A cidade de betão estava, a cidade do circo era.
Passa-se o mesmo por estas terras de Bracara Augusta. As coisas que estão podem-se mudar de sítio, as coisas que são vão ser os motores da mudança (por coisas entendam-se pessoas, grupos, marcas históricas). Posso regressar, mais uma vez, ao paralelismo da Braga Branca e da Braga Negra, mas nem tudo (ou nada mesmo) é bidimensional. Para além de que dentro de cada coloração existem circos e edifícios, podemos assumir outros paradigmas de percepção e tentar perceber o problema existente na inexistente simbiose entre a cidade centro, marca e história e a instituição superior de ensino, máquina de fazer bonecos, que apesar do desvio de meio grau, foi por cá plantada.
Existe uma redoma que fecha a freguesia universitária que nem a geira milenar consegue aproximar. Problema identificado: o ilustre instituto educativo das terras do Minho está em Braga, não é em Braga!
Soluções?
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Obrigado Gordon
Gordon, esse gordo nódulo de pus virulento residente no ânus estragado de uma hiena leprosa, quase ajudou uma família, quase concluiu os estudos, quase alimentou um pobre mendigo na rua, quase salvou a humanidade da desgraça e perdição. Mas não.
O que Gordon conseguiu foi ter o seu nome em vários jornais, vários filhos varões, várias aberturas de telejornal, vários programas prime time e não em várias, mas em todas as listas de agradecimento. Todas. Sempre: “Obrigado Gordon!”
Gordon esse inútil pedaço de esterco vomitado pelas entranhas apodrecidas de um abutre, por todos bajulado, apenas conseguiu ser famoso à custa da sua mediocridade.
Gordon até a falecer foi medíocre, tendo falhado redondamente várias vezes até à fatalidade final mais falada do mundo ter mesmo acontecido. E, mais uma vez, todos fizeram questão de lhe agradecer pelo que quase fez. Eu não. Mas aproveito agora para o fazer pela primeira vez. Obrigado Gordon… por teres morrido!
sábado, 20 de agosto de 2011
vinte, 20
Existe um bicho farfalhudo dentro da cidade, bem no coração desta, a espalhar raízes por toda a parte em quase todas as pessoas!
Será alarmante?
É um bicho que consome queixumes todo o dia: ao pequeno-almoço, ao almoço, ao lanche, ao jantar. Todos os pratos: aperitivo, entradas, primeiro prato, segundo prato e sobremesa. Importante é notar que tal como o bacalhau, o queixume tem várias formas de ser apresentar e de ser comido. A que o bicho prefere é o queixume da hipocrisia.
A hipocrisia é uma menina que parece bem em qualquer lugar – pregadeira favorita da Braga Branca – usada bem no lado esquerdo, junto ao coração.
O bicho gosta de quando as pessoas querem tanto que quando têm se deixam dominar pela menina hipocrisia e se queixam igualmente porque o que queriam não era afinal bem assim. Engorda à custa da beleza eterna do descontentamento bacoco. Enche o papo com quilos e quilos de lamúrias baseadas em palcos de vida em falsos riscos de ruir. Bota corpo com pataniscas de biliosidades para com obstáculos criados em vias nunca tidas como alternativa do fluir. Quase regurgita com blasfémias descendentes da força que tem o não conhecendo afirmar não querer saber. Fortalece-se sempre! Cresce o bicho e estende os tentáculos pelo vazio craniano da desinformação.
Ele está aí. Pode ter vários nomes. O bicho chuva não é. O bicho braga ainda não. É o bicho ignorância – bicho estupidez.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
anoitece em paz
terça-feira, 21 de junho de 2011
casa
domingo, 19 de junho de 2011
19, dezanove, IXX
Quando perdemos uma capacidade, ou ficamos com ela diminuída, diz-se por aí, que os outros atributos aumentam – como diz o velho ditado: o que não mata engorda. No entanto a nossa incapacidade para a não estereoscopia coronária quase sempre nos emagrece a vontade.
Seremos capazes de sem vontade aumentar as outras capacidades?
Quem já passou por isso sabe que de algum lado inesperado e recôndito, surge um outro nós, de pala no olho direito do coração, capaz de inimagináveis projecções tridimensionais de vida.
Estas projecções inicialmente, para nós, servem para os outros verem que está tudo bem – construímos daqui a capacidade de estereoscopia a sós.
Restam-nos duas saídas assim:
ou nos mantemos com esta solidão capazes de avançar com apoio em projecções mais importantes que secundárias – a pluviosidade local, os ombros alheios, as epopeias construtivas da alienação;
ou por outro lado encontramos outra pessoa que seja a metade necessária para a estereoscopia completa.
Ambas tarefas hercúleas porque de qualquer das formas mudamo-nos por dentro e a esquerda, que nunca pensamos de outra forma, passa a direita, o fim a início, a montanha a planície.
Torna-se tudo tão agradavelmente mais difícil do que qualquer quimera solitária. Pomos os óculos e partilhamos a chuva em profundidade… nunca a mesma chuva, nunca os mesmos óculos, nunca os mesmos nós.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
dezoito, maioridade, 18
quinta-feira, 17 de março de 2011
espirais de soluções
quarta-feira, 2 de março de 2011
alínea a)
Ouvi uma música de metralhadora.
O som era repetente
enfim!
Tirei restos mortais
dos ouvidos
e senti a liberdade
de estar desamparado
(como se voasse).
Caí ao
som da cascata!
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
dezassete, 17
Não somos palhaços, nem renas rudolfos, nem estamos constantemente constipados. Mas temos sim uma luz vermelha na ponta do nariz. Daquelas luzinhas que indicam, como num televisor ou numa aparelhagem, o stand by: a espera.
Uns lidam melhor que os outros, mas no fundo qualquer um se irrita com isto – uma sombra no nariz como se de uma mosca se tratasse.
Há quem ignore e viva constantemente assim, a gastar energia de forma inócua.
Há quem tente enxotar distraidamente a mosca de várias formas – pode-se pintar o nariz de azul, tapar com base, colocar um penso rápido (de efeito célere), fingir de fingimento fingido que está mesmo tudo como queremos – mas a mosca regressa sempre. Pois é.
Há quem tente pegar no respectivo telecomando para acordar o dia. O problema é que este nem sempre está ao alcance. Cansa tentar chegar-lhe.
Cansa a luzinha vermelha na ponta do nariz, o stand by: a esperança.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
bolsos cheios de expectativas
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
dezasseis, 16, diz às seis
Temo-la externa, acusatória e arranhada nas íris. Dedo apontado à cara. Confunde-nos, aborrece-nos, reformula-nos e oferece-nos um resultado palpável nas entrelinhas. Insatisfeitos satisfazemo-nos com isso e oferecemo-la de regresso aos outros - e de bom grado:
- Anda amigo; vem crescer no mundo dos grandes. Vamos todos ao Gólgota expiar os nossos pecados. Não digas que não… senão.
Ou então, coitadinhos, viramo-nos para o lado e pedimos retrocesso, sublinhados, dados estatísticos que comprovem a fórmula original:
- Anda amigo, diz-me que estou certo; que é verdade; que é sempre assim.
Depois existe a culpa interna. Irregulada pelos de fora e incontrolável por nós. Aquela menina que remói dentro do peito, o cadáver escondido nas sombras do movimento dos cabelos, o pisa-papéis coronário. Traço genético que nos faz semi-viver imbuídos no seu aroma de formol.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
a tragédia do sr. godinho
Certo dia numa das sua caminhadas aconteceu a tragédia!!! (rufar de tambores) Apaixonou-se. E logo por quem! Pela árvore mais alta e fria da floresta.
Nunca lhe chegaria, nunca ela o conseguiria acompanhar, o papel passou a parecer-lhe mórbido e as amoras sangue.
Godinho infeliz decidiu fechar as portas do silêncio e gritar aos quatros ventos a sua tragédia. Apenas dois dos ventos o ouviram tombando a árvore em cima de Godinho.
Fertilizaram juntos a mesma terra.