O homem ia a caminhar calmamente na rua e levou com um raio na cabeça.
Caiu como um peso morto no chão. Incompreensivelmente conseguiu levantar-se
antes de se transformar numa estátua de sal, roupas e tudo, mas sempre
consciente. Vinham os gatos das redondezas lambê-lo, o que o deixavam com cócegas.
Os gatos por sua vez faziam caretas felinas como quem não está profundamente
agradado. As pombas foram-no bicando, iam caindo mortas passado um pouco o que
levou a que passado um pouco já nenhuma o fizesse e se mantivessem afastadas.
Houve flores que lhe nasceram aos pés. Flores muito feias e malcheirosas com
picos em vez de pétalas. Umas cabras com pelo de palha de aço passavam lá a
comê-las e em dez passagem pestiscaram-lhe os dedos dos pés também. Até que um
dia vinha um búfalo a descer a montanha e tropeçou na rua por sobre a estátua -
cornos enfiados no peito. O homem que virou estátua de sal quase chorou com a
dor do coração perfurado mas só a chuva que caiu a seguir e lhe desfez os
pedaços restantes conseguiu simular esse acto.
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