quarta-feira, 27 de novembro de 2013

OHQLCURNC 45.

O homem ia a caminhar rapidamente pela rua acima e levou com um raio na cabeça. Caiu como um peso morto no chão. Levantou-se completamente atordoado e foi logo contar a toda a gente – espalhar aos quatro ventos, meter a boca no trombone, espalhar aos três trombonistas e soprar ventanias com a sua história. Fez correr sangue nas veias dos escritores de notícias e dos jornalistas também. Apareceu na televisão e fez alguns anúncios de rádio e aparições no cinema. Só que não era verdade. O homem não levou com raio nenhum na cabeça. Era mentira, um falso testemunho. Mas o narcisismo do homem não o permitia acreditar noutra verdade que não a sua própria mentira. Até ao dia em que se olhou ao espelho e a verdade lhe piscou o olho : “Não levaste com raio nenhum, sabes bem!”. Virou-lhe as costas e inventou que agora via o futuro nos espelhos, fruto do raio que o atingira.

Acabou a vida enrolado na mentira que criara para si próprio, mergulhado no seu próprio reflexo.

Nenhum comentário: