domingo, 29 de dezembro de 2013

OHQLCURNC 48.

O homem ia a caminhar calmamente na rua e levou com um raio na cabeça. Caiu como um peso morto no chão. Ao cair fez um barulho de silêncio. Causou mais espanto ainda quando se levantou, de pescoço erguido, como uma tartaruga que se estica ao sol, e começou a cantar com a mais bela voz do universo. Diga-se de passagem que até povos alienígenas acorreram ao local onde o homem cantava. Não cantava em nenhuma língua específica, no entanto era uma língua reconhecida por todos. Nunca mais saiu do sítio onde caiu quando levou com o raio. Uma peregrinação ao local instalou-se para o ver cantar, e toda a gente lhe levava coisas para, quando pausava um pouco, comer e beber. Filólogos tentaram decifrar a língua, musicólogos procuraram reconhecer a melodia, os alienígenas trouxeram a sua tecnologia avançada para ajudar a esclarecer estas dúvidas. Com o passar do tempo nada se esclareceu. Passou a ser conhecido como o homem do raio que cantava o silêncio. O silêncio que fez ao cair, o silêncio que todos faziam para o ouvir. 

Nenhum comentário: