domingo, 24 de agosto de 2008

quatro

Cada vez me cresce mais depressa o cabelo, as unhas e a barba. Será um aumento de células a morrer? Estou a morrer devagarinho, lentamente pela sombra, sem notar e sem me fazer notar.
Em Braga os cabelos, unhas e barbas dispensáveis proliferam: as células mortas da cidade. O melhor seria cortar tudo pela raiz. Depilação citadina a lazer - arrancar unhas com alicates. A tendência para acumular células inúteis é-nos comum. Não estou a falar de eugenismo. Falo da tendência para um descuido com o que poderia ser aproveitado, de uma tendência para deixar morrer, de uma tendência para deixar andar, de uma tendência parva para não reparar, não no sentido de notar, mas no sentido de concertar, rentabilizar, aproveitar. Esquecemos, eu e Braga, o que fazer quando morremos aos poucos.

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