O homem ia a caminhar calmamente na rua e levou com um raio na cabeça. De
forma imediata transformou-se numa poça de muco. Uma poça de muco que não era
uma qualquer. Uma poça de muco translúcida, tanto por ser transparente como por
ser para lá de lúcida: omnisciente. Mesmo muito omnisciente. Tanto que sabe
perfeitamente que neste momento estás a ler esta frase. E o que fizeste antes e
o que vais fazer mais logo.
Ou então não era propriamente omnisciente porque lhe faltava saber uma
coisa. De qualquer forma sabia que no parágrafo anterior eu iria aplicar o
adjectivo erroneamente. E o que não sabia era como comunicar tudo o que sabia aos
transeuntes.
A única forma de transmitir algo era fazendo bolhinhas – bloop bloop.
E assim o fez quarenta e duas vezes.
As pessoas só acharam aquela visão
bastante nojenta e no dia seguinte veio uma máquina da câmara municipal limpar a
poça de muco que estava no meio da rua.
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