O homem acabava de parar um momento na rua e levou com um raio na cabeça.
Caiu como um peso morto no chão. Levantou-se cansado, como se tivesse corrido
duas maratonas. Não que se lembrasse de alguma vez ter corrido duas maratonas,
mas pareceu-lhe que se sentiria assim. Como tal, meio chamuscado, foi-se sentar
na beira do passeio para tentar descansar. Tirou uma garrafa de água que tinha
no bolso do casaco para dar um gole, no entanto a garrafa estava completamente
derretida e a água evaporada. Perdeu-se uns minutos a pensar onde estaria a
água e caiu para ao lado.
Acordou alguns dias depois numa cama. Olhou em volta e pensou que era a de
um hospital. Mas não era. Estava num palácio enorme sem divisões ou andares –
de apenas uma divisão portanto. Um palácio estúdio. A cama bem no meio. De lá
conseguia ver a forma interior do palácio, as janelas enormes, os torreões, os
pináculos, todos os pormenores que se costumam ver da parte de fora mas em
negativo. Levantou-se a perguntar-se como é que tinha ido ali parar.
Como se sentia melhor dirigiu-se à porta e ao abri-la caíram-lhe em cima
cinquenta mililitros certos de água. Depois de passado o susto, até se sentiu
bem. À porta do palácio não viu nada que reconhecesse. Apenas uma estrada que
parecia não ter fim.
Decidiu seguir por essa estrada e mal deu a segunda passada a estrada
começou a ruir atrás dele. Assustado começou a correr para não cair junto com a
estrada. Correu oitenta quilómetros até parar o desabamento da estrada. Parou
um momento mas antes de conseguir pensar em mais alguma coisa, levou com um
raio na cabeça…
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