O homem ia a caminhar rapidamente na rua e levou com um raio na cabeça.
Caiu como um peso morto no chão. À volta começara a surgir sorrisos e esgares
de esperança. Quem levou com o raio não era um homem qualquer mas o homem mais
vil da aldeia. Dizia-se por aí que batia na própria mãe e que a enviou para um
lar no estrangeiro só para ela não poder ser compreendida; diziam que quando
via gatinhos bebés os apanhava logo para se divertir a atirá-los aos porcos que
os comiam; diziam que já tinha atropelado doze pessoas só por estarem alguns centímetros
fora da passadeira; diziam que era sempre mal educado, tratando toda a gente
como seu subordinado; diziam muitas coisas.
Foi com regozijo que a população abraçou aquele raio naquela cabeça
daquele homem. Mas, o drama, o horror, o homem levantou-se. Estava tudo bem.
Toda a gente virou a cara e cerrou o punho pela injustiça. O homem começou a
rir às gargalhadas enquanto saltava em cima de um formigueiro.
Pois é. O povo nem sempre fica quieto, logo em uníssono deram-lhe com um
pau na cabeça. Desta vez de forma fatal. O povo ficou calado a seguir. Culparam
o raio e seguiram o seu caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário