O homem ia a caminhar calmamente na rua e levou com um raio na cabeça.
Caiu como um peso morto no chão. Ao cair abriu-se-lhe a mala, de onde saltaram
um número interminável (para o comum mortal) de notas de todas a cores – do cinzento
ao violeta passando pelo amarelo, laranja, azul, rosa, e verde – que se espalharam
quase que uniformemente à volta do buraco criado pelo raio onde se encontrava
deitado. Quem via de cima tinha uma imagem única e estimulante às papilas
gustativas do olhar – parecia uma flor psicadélica repleta de pétalas coloridas
e com um homem farrusco no meio. Passou por lá, momentos breves depois, uma mulher que apanhou a flor e
a levou ao nariz. Cheirava-lhe um pouco a chamuscado mas mesmo assim não a
deitou fora e colocou-a no cabelo cheio de frescos caracóis. Quando chegou à
praia não se lembrou mais da flor e ao dar o primeiro mergulho nas ondas do mar
imenso, perdeu-a para sempre.
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